Prática Baseada em Evidências para Crianças, Adolescentes e Jovens Adultos com Autismo

AUTISMOINFÂNCIAPSICOLOGIA

Rosine Lima

1/25/20257 min read

Olá, Você sabe o que são Prática Baseada em Evidências para Crianças, Adolescentes e Jovens Adultos com Autismo?

O National Professional Developmental Center - NPDC conduziu uma Revisão Sistemática em 2015, a qual foi posteriormente publicada como um artigo científico. Esse estudo recebeu financiamento para atualização e, em seguida, foi transferido para o Clearinghouse, onde o trabalho continuou e resultou na publicação de 2020. Essa publicação trouxe novas práticas baseadas em evidências, em comparação com a pesquisa de 2015, e também apresentou um reagrupamento de intervenções. No contexto desse estudo, foram descritas 28 práticas focais baseadas em evidências para o autismo.

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O modelo de intervenção Intensiva e Precoce é considerado o tratamento prioritário para o Transtorno do Espectro do Autismo e possui características fundamentais:

  1. Precocidade: A intervenção deve ser iniciada o mais cedo possível, assim que surgirem os sinais do Transtorno do Espectro do Autismo, seja por meio de diagnóstico ou sinalização de risco. O encaminhamento à intervenção depende desse diagnóstico.

  2. Intensidade: A intervenção deve ser intensiva, realizada entre 25 e 40 horas por semana, juntamente com o treinamento dos pais. A lógica por trás da intensidade é que quanto mais intensiva for a intervenção, melhor serão os resultados.

  3. Integridade: A intervenção deve ser implementada de forma íntegra, seguindo rigorosamente as diretrizes apresentadas nas pesquisas. É importante que a implementação da intervenção, mesmo sendo intensiva e precoce, seja abrangente e não perca sua efetividade.

  4. Duração a longo prazo: A maioria das crianças necessita de intervenção ao longo de toda a vida. É importante reconhecer que o processo de intervenção pode ser contínuo, já que cada criança é única e pode requerer suporte contínuo.

Os dados disponíveis sobre esse modelo de intervenção demonstraram grandes avanços nos campos da inteligência, linguagem, habilidades sociais e comportamento adaptativo.

Texto Complementar: Autismo: compreensão e práticas baseadas em evidências

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Então, quais são as 28 práticas focais baseadas em evidências para o autismo?

Intervenções baseadas no antecedente (ABI)

Nesse modelo de intervenção a organização de eventos ou circunstâncias que antecedem uma atividade ou demanda é realizada com o objetivo de aumentar a ocorrência de comportamentos adequados e/ou reduzir comportamentos desafiadores ou inadequados.

Vídeo Complementar: PBE 1: Intervenção Baseada em Antecedentes - ABI

Momentum Comportamental (BMI)

Nesse tipo de intervenção a organização das expectativas de comportamento segue uma sequência em que respostas de baixa probabilidade, ou mais difíceis, são intercaladas com respostas de alta probabilidade ou menor esforço. Esse arranjo tem como objetivo aumentar a persistência e ocorrência das respostas de baixa probabilidade.

Vídeo Complementar: Momentum Comportamental em Autismo

Reforço diferencial de comportamento alternativo, incompatível ou outro (DR)

Trata-se de um processo sistemático que visa aumentar um comportamento desejado ou reduzir a ocorrência de um comportamento indesejável, utilizando consequências positivas. Essas consequências podem ser aplicadas quando o aluno está:

a) Emitindo um comportamento específico desejado que substitua o comportamento indesejável (DRA).

b) Emitindo um comportamento fisicamente impossível de executar simultaneamente ao comportamento indesejável (DRI).

c) Não emitindo o comportamento indesejável (DRO).

Vídeo Complementar: Reforço Diferencial em Autismo [DRA, DRI e DRO]

Instrução Direta (DI)

Trata-se de uma abordagem de ensino sistemática que utiliza um conjunto de instruções sequenciais, como scripts ou lições. Essa abordagem enfatiza o diálogo entre o professor e o aluno por meio de respostas em conjunto e independentes, permitindo a correção sistemática e explícita de erros, visando promover a aprendizagem e a generalização.

Vídeo Complementar: Instrução Direta: Prática Baseada em Evidência no TEA

Treino em Tentativa Discreta (DTT)

Essa é uma das condutas mais comuns no autismo, consiste em abordagem instrucional com tentativas repetidas de treino, no qual cada tentativa consiste na apresentação de uma instrução pelo professor, resposta do aluno e consequências cuidadosamente programadas, e pausa antes da próxima instrução.

Vídeo Complementar: Tipos de ensino em ABA - DTT e Naturalístico

Vídeo Complementar: Como aplicar um Ensino por Tentativas Discretas - DTT

Extinção (EXT)

Remoção de consequências reforçadoras para comportamentos desafiadores para redução futura desses comportamentos.

Vídeo Complementar: Análise do Comportamento - Parte 4: Extinção

Avaliação Funcional de Comportamento (FBA)

Uma maneira sistemática de determinar a função ou a finalidade de um comportamento para que o plano de intervenção possa ser desenvolvido de forma efetiva. Na avaliação funcional são coletadas informações dobre os antecedentes e consequências contingentes a ocorrência de um comportamento.

Vídeo Complementar: Análise Funcional é sempre importante?

Treino de Comunicação Funcional (FCT)

Um conjunto de práticas que substituem um comportamento desafiador que tem função de comunicação por meios mais adequados e eficazes de comunicação e habilidades comportamentais.

Vídeo Complementar: Treino de Comunicação Funcional

Modelação (MD)

Nesse tipo de intervenção há uma demonstração de comportamentos alvos desejados que resultam na aquisição desse repertório pelo aluno.

Vídeo Complementar: Modelagem x Modelação no Behaviorismo: explicação do conceito e exemplos na psicologia experimental

Intervenções naturalísticas (NI)

Uma coleção de técnicas e estratégias incorporadas às atividades e rotinas do dia-a-dia, no qual o aluno naturalmente é estimulado a desenvolver habilidades e comportamentos alvo.

Vídeo Complementar: Tipos de ensino em ABA - DTT e Naturalístico

Instrução e intervenção baseada em pares (PBII)

Intervenção na qual os pares promovem diretamente as relações sociais das crianças com autismo entre outras habilidades e objetivos individuais de aprendizagem. O adulto organiza o contexto social (ex: grupos de brincadeiras, e contatos sociais) e quando necessário fornece suporte (ex: fornece sugestões e reforço) às crianças com autismo para que elas possam interagir com seus pares.

Vídeo Complementar: Como conduzir treino de pares

Intervenção Implementada pelos pais (PII)

Pais implementam intervenção com seus filhos e promovem sua comunicação social entre outras habilidades, e diminuem comportamentos desafiadores.

Vídeo Complementar: 3 passos para ensinar os pais a aplicarem ABA

Texto Complementar: Treino de cuidadores para manejo de comportamentos inadequados de crianças com transtorno do espectro do autismo

Dicas (PP)

Ajuda verbal, gestual, ou física possibilita ao aluno o suporte necessário para ele adquiri ou se engajar no comportamento alvo.

Vídeo Complementar: Terapia ABA - Capítulo 3 - Hierarquia de Dicas

Reforçamento (R)

A aplicação de consequências após resposta e habilidade do aluno, que aumenta a probabilidade dessa resposta voltar a ocorrer.

Vídeo Complementar: O que é reforçamento em Análise do Comportamento?

Interrupção da resposta/ redirecionamento (RIR)

A introdução de uma dica, comentário ou outro distrator quando está ocorrendo um comportamento indesejável, o que faz com que o aluno mude o foco da sua atenção, o que resulta na redução desse comportamento indesejável

Vídeo Complementar: Tratando estereotipia vocal (ecolalia) com Interrupção e Redirecionamento da Resposta - RIRD

Auto monitoramento (SM)

Instrução focada nos alunos que discriminam entre comportamentos inapropriados, monitorando e registrando com precisão seus próprios comportamento e se recompensando por se comportar adequadamente.

Texto Complementar: Aumentando a Independência nos Transtornos do Espectro Autista: Uma Revisão de Três Intervenções Focadas

Narrativas Sociais (SN)

Intervenções que descrevem situações sociais para destacar características relevantes de um comportamento alvo e oferece exemplos de resposta adequada.

Vídeo Complementar: Autismo - Histórias Sociais

Treino de Habilidades Sociais (SST)

Instrução individual ou em grupo projetada para ensinar aos alunos maneiras de participar adequadamente e com êxito de suas interações sociais.

Vídeo Complementar: Autismo - Treino de habilidades sociais para jovens e adultos

Análise de Tarefas (TA)

Processo no qual uma atividade ou comportamento é dividido em pequenos passos gerenciáveis para avaliar e ensinar a habilidade. Práticas como reforço, modelação com vídeo ou atraso de tempo são frequentemente usadas para facilitar a aquisição de etapas ainda menores.

Vídeo Complementar: Ajudando o Autista a conquistar AUTONOMIA | Análise de Tarefas

Instruções e intervenções assistida por tecnologia (TAII)

Instrução ou intervenção em que é a característica central o uso da tecnologia e ela é projetada e empregada para apoiar e aprendizagem ou desempenho de um comportamento do aluno.

Vídeo Complementar: Como o uso da tecnologia pode ajudar a desenvolver crianças com autismo

Atraso de Tempo (TD)

Uma prática usada para diminuir sistematicamente o uso de dicas durante atividade, usando um breve atraso entre a instrução e qualquer instrução ou dica adicional.

Vídeo Complementar: Terapia ABA - Capítulo 3 - Hierarquia de Dicas

Vídeo Modelação (VM)

Uma demonstração gravada em vídeo do comportamento ou habilidade alvo mostrada ao aluno para ajuda-lo a aprender tal habilidade.

Vídeo Complementar: Vídeomodelação para o ensino de habilidades para crianças com autismo

Suportes Visuais (VS)

Um aparato visual que dá suporte ao aluno para que ele possa se engajar em um comportamento desejado ou sem ajudas adicionais.

Texto Complementar: Como os suportes visuais podem ajudar na rotina de crianças autistas

Integração sensorial® (SI)

Intervenções que tem como objetivo aumentar a capacidade da pessoa integrar informações sensoriais (visual, auditiva, tátil, proprioceptiva e vestibular) corpo e ambiente, a fim de responder usando organizações e comportamento adaptativo.

A Integração Sensorial é realizada por Terapeutas Ocupacionais especializados e ocorre principalmente em ambientes clínicos.

Vídeo Complementar: Autismo: o que é a Integração Sensorial?

Exercício e Movimento (EXM)

Intervenções que usam esforço físico, habilidades motoras específicas/ técnicas de movimento consciente para direcionar uma variedade de habilidades comportamentais.

Vídeo Complementar: Novas evidências: Integração Sensorial de Ayres, Exercício Físico e intervenção com música

Intervenção mediada por música

Intervenções que incorpora canções, entonação melódica e/ou ritmo para apoiar a aprendizagem ou o desempenho de habilidades/ comportamentos. Isso incluía a musicoterapia e outras intervenções que incorporam música para trabalhar comportamento alvo.

Vídeo Complementar: Musicoterapia em Autismo: O que é? Quem faz? É direito?

Comunicação alternativa e aumentativa (AAC)

Intervenções usando e/ ou ensinando o uso de um sistema de comunicação não verbal/ vocal que pode ter ajuda (ex: dispositivo, caderno de comunicação) ou sem ajuda (ex: linguagem gestual).

Vídeo Complementar: Métodos de comunicação alternativa e aumentativa da fala

Comportamento cognitivo/ Estratégias instrucionais (CBIS)

Instrução sobre gerenciamento ou controle de processos cognitivos que reduzem a mudança no comportamento social e acadêmico.

Texto Complementar (em inglês): Cognitive Behavioral/Instructional Strategies (CBIS)

Até a próxima,

Abraços.